Vivendo e aprendendo
- Marcela Detoni
- 18 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Quem dera tivéssemos uma bola de cristal, ou então o dom de adivinhar como será nossa vida. De sabermos tudo que vai acontecer e evitar ou mudar algum detalhe. Nascido e criado em Pinhais, Ivanildo Antunes Lira viu a cidade mudar ao longo do tempo.
Sua infância foi muito bem vivida. Ele lembra do tempo em que na rua de trás da casa, ele e seus amigos brincavam jogando vôlei e bets. Aprontou muito quando pequeno junto aos seus irmãos. É o mais novo de todos e estava sempre fazendo visitas à um posto de saúde ou hospital. Algumas cicatrizes que até hoje carrega mostram que as brincadeiras na rua, aprontando dentro e fora de casa, valeram a pena.
Mas o tempo vai passando, alguns amigos que antes estavam sempre presentes se mudaram da cidade ou simplesmente tomaram um rumo na vida que acabou se afastando.
Sempre foi esforçado na escola, por mais que fizesse brincadeiras ou aprontasse, ele gostava de estudar e fazia questão de tirar boas notas e apresentar trabalhos bem elaborados. Sua adolescência foi como de um rapaz “nerd”. Eventos de jogos, eletrônicos e coisas do tipo eram uma parada obrigatória nos finais de semana. Era comum reunir os amigos, juntar os videogames que eram difíceis de levar, e passarem o final de semana juntos, sem nem dormir direito, até fecharem os jogos que tinham.
Mas logo que cresceu, ele percebeu que tinha algo errado com sua saúde.
Com 13 anos ele descobriu que tinha esclerose, uma doença autoimune, causada por uma "confusão" do organismo. O sistema imunológico da pessoa ataca as células de proteção e isso dificulta a transmissão dos impulsos nervosos. Sem dinheiro para tratamento, busca as pequenas oportunidades em unidades públicas e postinhos da cidade.
Com o tempo, percebeu que seu pai era machista, e que aquilo incomodava muito a convivência em casa, dentre seus doze irmãos, ele era o que mais tinha intimidade com o pai, e isso facilitava para que não deixasse nada acontecer à sua mãe.
Sua primeira experiência com alguém próximo que faleceu foi complicado. Para ele não fazia sentido alguém simplesmente morrer, não tinha noção de como era isso na vida, e por algum tempo rejeitava essa realidade.
O tratamento que havia começado foi interrompido logo quando se mudaram de casa. Os pais, que tinham se separado, tiveram dificuldades para manter o acompanhamento médico, os remédios e aulas de terapia.
Em seus 16 anos, conheceu uma garota, a qual juntos tiveram um filho após 3 anos de relacionamento. Eles se conheceram em um curso de computação.
Sonhava em trabalhar como advogado ou policial, mas sempre teve dificuldades com avaliações e isso o afastou de concursos e exames classificatórios. Começou a trabalhar na área em que se formou — gestão —, e fez ações com a aeronáutica e escotismo, essas atividades em um espaço assim ajudou na base de criação do filho. Atualmente sua ex que cuida mais, mas nos finais de semana o Enzo passa com o pai.
Atualmente, Ivanildo trabalha vendendo apartamentos e casas, todo dia levanta cedo em busca de formas para sustentar o filho, que já está com 8 anos, e sua ex-namorada que está em tratamento contra depressão e crise de ansiedade.


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