O RAP curitibano e as batalhas de freestyle
- Yasmin Ferreira
- 18 de jun. de 2018
- 3 min de leitura

O Freestyle é uma categoria do RAP, que significa literalmente “rap no estilo livre”. Ele se caracteriza principalmente por letras improvisadas pelo rapper, expressando o que sente sobre determinado assunto mantendo um ritmo predeterminado. As "batalhas de MCs" são a principal atração do gênero: dois rappers fazem freestyle, geralmente falando sobre problemas sociais e reflexivos competindo uns aos outros, e o público decide o vencedor.
Com base no início da cultura hip-hop em meados de 1975 na periferia dos Estados Unidos, jovens foram fortemente influenciados por essa cultura para fazerem algo em prol de sua comunidade e das pessoas que simpatizam com o movimento, mais especificamente do rap (uma das vertentes do hip hop) onde a principal intenção era levar para as ruas o espírito de união, diversão, disciplina e compromisso. Com o rap sendo uma ferramenta de paz, os envolvidos deixaram de resolver as suas rixas com armas de fogo e passaram a resolver em batalhas de rima, sempre ressaltando que o rap é a voz do oprimido. O gênero é até hoje muito discriminado por conta do racismo e também por ser um movimento agressivo.

Atualmente o público dessa expressão artística é muito grande. Ele cumpre o papel de deixar as noites curitibanas recheadas de batalhas de freestyle e movimentos da cultura hip-hop, que acontecem em diversos pontos da cidade, como por exemplo os fundos do Museu Oscar Niemeyer e a Rua São Francisco, que são lotados por jovens que desejam expressar o que sentem através de rimas, break e graffiti. Há também a Batalha do Muma, evento que acontece desde 2013 no bairro Portão, idealizado por um grupo de jovens, com o intuito de reunir e conscientizar pessoas.
Alison Fernando Celestino, 24, morador da Região Metropolitana de Curitiba, é cantor e compositor e diz que cresceu ouvindo Rap e que o preconceito sempre existiu e hoje em dia não é diferente. “Quando eu comecei a ouvir rap meus pais me diziam que era música de preto, a maioria das pessoas na escola criavam divisões e riam porque eu escutava música de bandido, segundo eles, que sequer ouviram uma rima.” O jovem costuma participar dos eventos de Rap, e que há algum tempo atrás, em 2016, reuniu um grupo de amigos e começou a fazer reuniões em frente à Prefeitura de Piraquara, cidade onde reside.
E então surgiu um grupo denominado “85 fellaz” que tinha o intuito de unir pessoas, por meio de conversas e rodas de rap. “Através do 85 criamos uma família de rua, um evento pra curtir sem extrapolar, com uma intensidade e uma responsabilidade incrível. Sentimos a responsabilidade de criar em nossa cidade algo que seja luz, nós sabemos que o hip hop salva vidas, da mesma forma que o esporte”, ressalta Alison, que também lamenta pelo grupo não se reunir mais. “Infelizmente somos carentes de coisas fundamentais como essas, mas acreditamos que um dia faremos apresentações em escolas e teremos contato com o jovem de periferia, para que ali ele seja influenciado a viver com responsabilidade, a ser do bem, a viver o hip hop!”, espera Alison.

Os shows de rap, geralmente acontecem em ruas ou casas noturnas, sendo comum a presença de dois elementos do hip-hop que são o DJ e o Mestre de Cerimônia (MC). Nesses eventos é mais difícil ver apresentação de b-boys e b-girls (os que dançam break) ou grafiteiros. Eles são mais comuns em batalhas e eventos abertos.
Guilherme Henrique Costa, 22, também morador da Região Metropolitana de Curitiba e amante do hip-hop, diz que as experiências são várias dentro dessa cultura. Costuma frequentar eventos espontâneos, normalmente em ruas e praças, que envolvem rima, poesia e muito conceito. Dentro do hip-hop ele faz batida (beat), rimas (freestyle e escrita) e também fez graffiti por muitos anos. Acredita que o rap ainda enfrenta muito preconceito, dentro e fora dele.
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