Brechós como hobbie e sustento
- Yasmin Ferreira
- 18 de jun. de 2018
- 2 min de leitura

A compra de produtos usados é uma prática bem antiga. Surgiu no subúrbio da capital francesa Saint Quen, por volta de 1900, onde já existiam feiras de trocas. Por conta da falta de higiene, esses locais foram apelidados de “marché aux puces”, que traduzindo significa “mercado de pulgas”. Esses eventos tiveram início no Brasil em 1899, com Belchior, um mascate que revendia no Rio de Janeiro e por causa de seu nome difícil de pronunciar, ficou conhecido como Brechó, daí a origem do termo.
Atualmente, apesar da prática ser bem comum, muitas pessoas acham que brechós são locais com peças ruins e velhas, já que algumas coisas são bem antigas, usadas e baratas. No entanto, se você tem essa opinião após visitar um brechó na sua cidade, cheio de peças amontoadas e com mau cheiro, você precisa saber que os tempos mudaram e esse comércio cresceu muito.
As empreendedoras e amantes desse ramo defendem a ideia de que não há problema em uma peça ser antiga, usada e barata, se ela é linda, de ótima confecção e exclusiva. Fernanda Barros, 32, sócio-proprietária do Brechó Vale a Pena Ver de Novo, localizado na Rua São Francisco, no Centro de Curitiba, conta que a principal motivação para ela iniciar nesse novo mercado foi a conscientização das pessoas em relação ao reaproveitamento em prol da natureza. “Milhares de peças são produzidas diariamente e as pessoas só querem consumir e jogar fora. Quando você compra uma peça usada ou repassa uma sua, você está automaticamente aumentando o ciclo de vida dessa roupa. Essa ação diminui a compra de peças novas, consequentemente diminui a produção da indústria têxtil, que é segunda mais poluente do mundo. O meio ambiente vai agradecer”, argumenta Fernanda.
Já faz alguns anos que o “mundo da moda” começou a perceber o valor das peças dos anos 70 e 90, a prova disso está nas últimas temporadas de desfiles nacionais e internacionais, que lançam tendências. Um fato que contribuiu para o crescimento dos brechós foi que muitas mulheres da classe alta também venderam ou doaram suas peças de grifes, fazendo com que os amantes de determinadas marcas, atuantes nas classes inferiores, tivessem acesso e se interessassem pelos usados de luxo.
Ana Julia de Aguiar, 22, estuda Moda e é fã de brechós e bazares, que proporcionam vendas e trocas de peças únicas e de boa qualidade. Há três anos ela abandonou as lojas populares e convencionais para adentrar ao mundo da conscientização e originalidade do comércio de usados. “Eu amo a originalidade que o brechó me traz. Você tem que ter paciência. Nem tudo que tem em brechó é lindo e é a sua cara. É preciso garimpar, tem peças novas, com etiqueta e algumas de grifes, muito mais baratas”, reforça Ana, garimpando as araras.
A proprietária diz que no começo não foi fácil, não teve apoio dos amigos e familiares, pois esse tipo de negócio ainda é rodeado de muito preconceito. A maioria dos empreendedores e também dos consumidores de brechós buscam por roupas exclusivas e peças atemporais, sempre visando economizar, poupar a natureza e também economizar.
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