top of page

Comércios tradicionais ajudam a contar a história de Curitiba

  • Gabrielle Sversut
  • 18 de jun. de 2018
  • 4 min de leitura

Sorvetes do Gaúcho, Casa Bandeirantes e Bar Stuart são alguns dos comércios mais tradicionais e mais antigos da capital paranaense. Os locais ainda conservam a decoração ou a estrutura de quando abriram e através deles é possível contar a história de Curitiba.


Na década de 1970, a sorveteria chegou a atender 6 mil pessoas por dia. Atualmente os atendimentos não chegam nem a metade disso. A nova geração da família não pretende seguir os passos dos antecedentes. Mas Airton Luiz Serur dos Santos, que nasceu e cresceu na Sorveteria do Gaúcho, também não pensa em desistir.


Há mais de 60 anos o Sorvetes Gaúcho refresca os curitibanos. A decoração, o maquinário e as receitas foram preservadas desde o princípio. O gaúcho Adalberto Pinto dos Santos veio para Curitiba em outubro de 1954, comprou o lugar e no ano seguinte inaugurou o comércio que até hoje está no mesmo lugar.


O lugar do comércio originalmente tem o nome de Praça do Redentor, mas ganhou o apelido “Praça do Gaúcho” por conta da sorveteria. Localizada no bairro São Francisco, ao lado do Cemitério Municipal, a sorveteria, além de conhecida da região, é popular por toda a cidade.


Segundo Airton dos Santos, um dos filhos do seu Adalberto, os segredos que mantém a sorveteria aberta por mais de 60 invernos são: a simplicidade, o bom preço e a tradição. O negócio, que começou como uma mercearia, tinha uma máquina de sorvetes. Aos poucos, os sorvetes foram atraindo mais clientes até que tomaram conta do balcão. Novas máquinas foram adquiridas, inclusive algumas ainda funcionam.


Com o tempo algumas coisas mudaram. O sorvete que antes era feito diretamente da fruta, escolhida e processada no próprio local, teve que passar por algumas modificações. Por determinação da Agência Sanitária, a matéria prima mudou para a polpa da fruta.


Mesmo com mais de 40 opções de sabores, alternados de acordo com a temporada, os mais pedidos desde que a sorveteria foi inaugurada são: morango, chocolate e creme.



CASA BANDEIRANTES



Começou como uma loja que vendia de brinquedos a enxovais, mas por achar que seria um bom nicho de mercado, o fundador Jorge Derviche passou a vender apenas armarinho.


Fixada na Praça Generoso Marques, a Casa Bandeirantes faz parte dos comércios mais tradicionais de Curitiba. Fundada em 1943 pelo libanês Jorge Derviche. Ainda gerenciado pela família, o comércio está na terceira geração. Felipe Derviche, neto do fundador, é o responsável atual do local. Apesar da loja sempre ter sido na Praça Generoso Marques, o primeiro endereço foi onde atualmente encontra-se a loja Riachuelo. A Casa Bandeirantes foi a precursora no segmento de armarinho na região da praça, com ela outras vieram, formando um centro de negócios de armarinhos.


Na década de 1940, quando a loja começou a ganhar vida, o comércio não era tão segmentado, isso fez com que a loja abrangesse uma farta diversidade de produtos, enxovais, tecidos, brinquedos e alguns itens de armarinho, como agulha e lã. Cerca de dez anos após o início da loja, o ramo de vendas de armarinho foi firmado. “Não teve um motivo específico, ele [Jorge Derviche] foi se profissionalizando e viu que era um nicho de mercado bom”, afirma o neto do fundador.





A segunda geração da família trabalhou no gerenciamento durante 40 anos, terminando suas atividades em 2017. A terceira geração, Felipe Derviche, trabalha no local a mais de 15 anos e hoje é o único responsável pela direção da loja.


O nome Casa Bandeirantes faz referência ao fato de a loja ser instalada no piso térreo e a moradia da família ficava no piso superior, o que era muito comum na década de 1940.


Por ser uma loja tradicional da cidade, muitos dos compradores são clientes antigos e fixos, pessoas com mais idade e a maioria mulheres. Assim como a loja passou de geração em geração, a clientela também.


O tempo de atuação, o bom atendimento e a história, faz o armarinho se manter entre as referências no segmento.




BAR STUART



Frequentado por moradores e por personalidades importantes do cenário Curitibano, o Bar Stuart é o mais antigo da capital paranaense e o segundo mais antigo do Brasil. Fundado em 1904 por Joseph Richter, o empreendimento não passou de geração para geração. Hoje o local é comandado pelo empresário Nelson Ferri, que adquiriu grande parte dos direitos do bar em 2008, do atual gerente Dino Chiumento, que administrou o local por 61 anos.


O italiano Chiumento começou a trabalhar no Stuart aos 14 anos, seu primeiro e único emprego. Em 1975 comprou o estabelecimento. Há quase 70 anos no Brasil, sente-se satisfeito por ter passado a vida atrás do balcão. O acúmulo de trabalho e os filhos não terem interesse em manter o negócio foram a razão da venda. Ainda que esteja aposentado, o atual gerente não consegue se manter longe.


Apesar de ter passado por dois endereços até encontrar o ponto atual, fixo desde 1930 na Praça General Osório, o bar mantém as tradições que o tornaram conhecido. Bebidas raras, pratos exóticos e elaborados e o atendimento personalizado faz o bar permanecer aberto por mais de 114 anos. Entre os pratos que fazem sucesso e atraem curiosos estão os testículos de touro, a carne de onça, coelho à passarinho e bucho ao molho. O mais vendido, os testículos de touro é servido à milanesa, ao molho e ao alho e óleo. Dino diz nunca ter provado a receita.


Além de Leminski, outros artistas como a atriz Letícia Sabatella, políticos como os ex-governadores Roberto Requião e Jaime Lerner e outras figuras públicas renomadas visitaram e ainda visitam o local. Esse é apenas um dos motivos que atrai grande público.


As ofertas de compra ou ampliação do bar são constantes. Mas, segundo Ferri, essa ideia desagrada os clientes fiéis. Por isso prefere manter as tradições e o lado histórico do estabelecimento.

Comentarios


Apoiadores

bottom of page