O calçadão mais famoso da cidade e seus vendedores
- Thais Vieira
- 9 de abr. de 2018
- 3 min de leitura
Em Curitiba existem vários pontos turísticos e você certamente já ouviu falar em algum deles. Jardim Botânico, Museus, Ópera de Arame, Parque Barigui, mas hoje a estrela é outra: a Rua XV de Novembro e seus vendedores.

O primeiro contato com a XV é assustador. São milhares de pessoas indo e vindo, lojas para todos os lados e para todos os gostos, músicos que vão do rock ao funk, estátua viva e a marcante voz da Borboleta 13. “A primeira vez que andei pela XV, achei que não fosse sair de lá viva. A cada quadra alguém te para pra responder alguma pergunta, ajudar com alguma moedinha ou comprar alguma coisa”, conta Aline Silva.
Mas, e os vendedores? Se você já andou pelo calçadão com certeza já foi parado por um vendedor de chips de telefone, alfajores, ralador de legumes e artesanatos. E não podemos esquecer dos vendedores de guarda-chuva, que nos salvam em dias que saímos de casa e a cidade decide ter as quatro estações em um dia só.
Murilo Ferreira, 45, é um dos inúmeros vendedores que trabalham na rua XV. Ferreira trabalhava como vendedor em uma loja física no centro de Curitiba, mas por conta da crise foi mandado embora. Como só possui o ensino médio, arrumar outro emprego se tornou cada vez mais difícil. “Eu só tenho o segundo grau completo, hoje em dia é difícil até para quem tem faculdade conseguir emprego, imagina para mim que nem isso tenho.” Então, resolveu tentar a sorte vendendo bombons no calçadão. Quem prepara os bombons é a sua esposa. Tem de vários sabores: morango, dois amores, paçoca e brigadeiro. O preço? R$ 4,50 o grande e R$ 2,50 o pequeno. “Eu trago de 20 a 30 bombons por dia. Durante a semana eu consigo vender todos, nos finais de semana o movimento é mais fraco e as vezes volta uns para casa”, conta. Murilo vende seus bombons perto do bondinho e há 1 ano ganha seu sustento no calçadão.
Você já presenteou alguém com uma flor feita de arame? Ou levou seu nome escrito em arame para casa? Se a resposta for sim, certamente quem fez esse artesanato para você foi o Fernando Machado, 37, ou algum dos seus amigos artesões. Ao contrário de Murilo, que perdeu o emprego e achou na XV uma alternativa para ganhar dinheiro, Fernando é artesão e sempre ganhou seu sustento pelas ruas de Curitiba. “Sempre gostei de fazer artesanato e aqui na XV muitas pessoas param para prestigiar meu trabalho”. Quem leva os artesanatos de Fernando para casa pode escolher quanto quer pagar pelo trabalho. “Eu não boto preço nos meus trabalhos, se você quiser me dar 50 centavos ou R$ 10, a escolha é sua”, afirma. Fernando trabalha nas ruas de Curitiba há 10 anos.
Murilo e Fernando são dois exemplos de inúmeras histórias, histórias que apesar de diferentes contam como é a vida dos trabalhadores que tiram seu ganha pão desse imenso calçadão que é a XV de Novembro.
Mas não é só de vendedores que vive a antiga Rua das Flores. João Oliveira, 50, mora em Curitiba há muitos anos e conta que nem sempre teve tantas opções no calçadão. “Antigamente nós víamos vendedores de panelas, perfumes. Hoje, você sai na XV e encontra tudo o que precisa”, conta. Já Marisa Carvalho, 54, conta que desde nova comprava jogos de azar com a Borboleta 13 e continua uma freguesa fiel até hoje. Também afirma que houve uma mudança radical nos produtos que são vendidos. “Os produtos mudaram, antes era comum ver vendedores de cosméticos na XV, de utensílios. Hoje, eles vendem carregador de celular, chocolate, roupas.”
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