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Narguilé, tradição estudantil noturna

  • Joao Otoni
  • 2 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

Gabriella Ferreira Bueno é estudante de Física e frequentadora de tabacarias. Tudo começou quando sua mãe, dona Virza, com quem ela mora sozinha em um apartamento situado próximo ao terminal Carmo, a proibiu de levar seus amigos para fumar narguilé em casa.


Hoje, Gabriella e seus colegas de turma se encontram na tabacaria ao lado da faculdade. Já virou tradição. Para ela, o lugar substituiu (e muito bem) as idas de um fim de noite de sexta-feira a um bar. “As conversas são as mesmas, e as risadas também, é uma espécie de “tabarcaria”, brinca ela, e por fim indaga: “qual é a diferença?

Se para muitos o problema do narguilé está no mau que ele causa a saúde de quem o consome, para Gabriella, a maior dificuldade é encontrar uma explicação para o preconceito que ela afirma existir com pessoas que vão a tabacarias.



O problema é que Gabriella aos nove anos de idade desenvolveu uma forte crise asmática. Hoje, aos vinte anos, ela admite ter entrado em um caminho sem volta à sua saúde, mas faz questão de acrescentar que seu uso do narguilé é moderado.



Ela não sabia, assim como muitos, que sua participação em uma sessão de narguilé, que dura em média de 20 a 80 minutos, leva a exposição equivalente ao consumo de 100 cigarros. Esses dados são resultados de pesquisas feitas pelo INCA [Instituto Nacional do Câncer], e podem ser consultados no site da instituição.



Graças ao crescimento da demanda, franquias de tabacarias ganharam lugar no mercado, e os investidores afirmam que o risco está apenas em como e com que frequência seus clientes utilizam o espaço. Mas como controlar isso?



Pois bem. Há três anos Gabriella entrava pela primeira vez em uma tabacaria, a convite de um amigo. Durante esse tempo, a jovem acumulou milhares de horas de sessões de narguilé acompanhadas de 4.700 substâncias tóxicas, sem contar as vezes em que as conversas estavam tão boas que fizeram ela dobrar suas sessões, e os danos a sua saúde também.



A falta de regras específicas a fim de controlar o uso do narguilé dificulta a fiscalização antifumo em tabacarias. Pela legislação brasileira, “é proibido o uso de cigarro em recintos coletivos fechados”, mas não se tem nenhuma restrição quanto a quantidade permitida.



De qualquer forma, em todo o Brasil, a venda do narguilé a menores de 18 anos acarreta uma multa que pode chegar a 50% do salário mínimo. Após o pagamento, caso a infração ocorra novamente, a multa deve chegar a cinco salários mínimos, além da cassação do alvará do estabelecimento.



Gabriella segue sua rotina nos fins de semana. Sua única ordem de restrição é a da mãe, dona Virza: “Nada de narguilé dentro de casa”.

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