INTER 2, MÚSICA 10
- Tom Schiebel
- 5 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
Dupla A Poltrona conta sua história, o começo e a identificação com o ônibus Inter 2 e a melhor parte de fazer música

Quem passar pela praça Osório, durante a tarde em dia de semana, não deixará de notar a presença de uma dupla muito talentosa. Você não precisa ser um árduo fã de música para reconhecer a vocação artística que Abelha Lima e Wes Ventura possuem. Vale a pena deixar a rotina de lado por alguns minutos e apreciar essa forma de arte tão disponível e de fácil acesso para todos.
A dupla se batizou de A Poltrona, nome dado em razão de seus primeiros shows em Curitiba terem sido realizados dentro do ônibus da linha Inter 2. Abelha e Wes estão em Curitiba há mais de um ano. Ambos vieram de Barretos, São Paulo. E quando perguntei a Abelha qual o motivo por terem escolhido Curitiba, ele me respondeu "o universo mandou a gente para cá". Pois é assim, confiantes no destino e apaixonados, que ele são. Ao escolherem o ônibus como o "ponto de partida" de sua rota musical na capital paranaense, eles mostraram sua dedicação à música e, principalmente, ao público.
Para eles, a melhor parte de se apresentar no Inter 2 é a proximidade e o contato que tiveram com as pessoas. Wes afirma, com um sorriso no rosto, que chegou a fazer amizades com pessoas para as quais se apresentava. "O Falcão Prateado", forma carinhosa que Abelha se refere ao local onde ele e Wes tiveram seu primeiro contato com o público curitibano, parece ser um lugar especial para a dupla; e graças a aceitação que seu trabalho tivera durante esse período, eles puderam transferir A Poltrona para as ruas.
A mudança só foi possível pela receita levantada dentro do ônibus. Abelha conta que a dupla chegou em Curitiba apenas com o dinheiro da viagem, e que após o trabalho feito no Inter 2 conseguiram juntar dinheiro para comprar bateria e outros equipamentos que os possibilitaram a tocar também na rua. Apesar de não estarem presentes diariamente no Inter 2, eles procuram tocar em sua linha de ônibus favorita, ao menos uma vez por semana.
Apesar de possuírem diferentes estilos e referências musicais - Abelha atribui o sonho de ser músico a Raul Seixas, á quem ouvia desde pequeno, enquanto Wes tem sua raízes mais ligadas ao grunge norte americano, em especial a região de Seattle da onde surgiram algumas de suas bandas favoritas como Nirvana e Alice in Chains - é nítida a conexão entre os dois enquanto estão tocando. Wes, dono de uma voz forte e impactante, chama a atenção à de quem estiver por perto. E uma vez que cativado pela voz, o espectador também notará a forma apaixonada e carismática com que Abelha toca bateria.
O repertório de A Poltrona, consiste em musicas autorais e também cover de músicas de bandas formadas por amigos da dupla, as quais eles demonstram admiração e uma união dessa classe artística. Alguns clássicos do rock nacional e internacional também fazem parte do acervo da dupla.
Por um aplauso e por um sorriso no rosto de quem está assistindo, para A Poltrona essa é a maior recompensa de seu trabalho. Sem negar a importância financeira, mas fazendo questão de exaltar que existem coisas muito mais importantes, Abelha encerra a entrevista citando o cantor e compositor Milton Nascimento, "o artista tem que ir onde o povo está".
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