O poeta, músico, escritor e autor do Hino de Pinhais
- Keimilin Campos
- 2 de jun. de 2017
- 3 min de leitura

Era uma quinta-feira véspera de feriado. Dia nublado, não estava quente e nem frio. Típico dia de outono curitibano. Quando cheguei na casa de Vani Pereira, o seu irmão, Valdir Pereira de Araújo, já estava pronto e muito animado para a nossa conversa. Assim que me acomodei, Vani que hoje é a voz de Valdir, começou contar a história do irmão.
Valdir é formado em Comércio Exterior na Faculdade Plácido e Silva. Fez dois anos de Teologia, mas não terminou o curso. Sempre muito agitado, Valdir é poeta, músico, escritor e autor do hino de Pinhais. Vani conta que o hino foi escrito em um guardanapo e que na mesma noite ele começou a compor a música em seu violão. O processo para escrever o hino foi rápido, uma semana depois de escrever a letra a música já estava pronta. O que não foi rápido foi o processo para ter o reconhecimento merecido.



Desde 1995 o hino de Pinhais é executado nas escolas e em cerimônias solenes da cidade. Mas só em 2010 o poeta foi reconhecido como o autor e conseguiu os direitos autorais. Vani conta que o prefeito Luizão fez uma reunião e chamou Valdir para anunciar que ele ia ser reconhecido como o autor. “Fomos ao gabinete junto de um procurador e o prefeito falou que ia pagar os direitos autorais do hino. Foi destinado um valor, aceitei porque se fosse chutar mais alto talvez eles não pagassem”.
Em 2003, logo depois da morte da mãe, Valdir sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e desde então é a irmã que cuida dele. Antes disso acontecer sempre foi muito ligado a movimentos sociais e populares. Seu maior prazer era ajudar o próximo. Ajudava pessoas com deficiência visual, conseguiu um lugar para fazer uma Associação para os cegos em Colombo. Ele tinha também um projeto em Guaratuba, em que ia até três vezes por semana na época que era proibida a pesca. E em uma cozinha industrial ele cozinhava para os pescadores e suas famílias. “Não pudemos dar continuidade nesse projeto, pois eu tive que parar tudo para cuidar dele”, conta Vani.

Valdir escreveu o primeiro samba enredo executado em Pinhais, pela Escola de Samba Unidos de Pinhais, em homenagem ao Aníbal Khury que foi um dos responsáveis pela emancipação da cidade. Vani não sabe especificar, mas até 2014 ou 2015, todos os sambas enredo eram escrito por Valdir.
Em 1996 Valdir Lançou o livro Pinhais em Poesia, o qual tive a oportunidade de ver um dos dois últimos exemplares e ler uma das cerca de 100 poesias que ele fez sobre o município. A poesia era “Oração à Pinhais”, escolhida a dedo por Valdir para eu poder ler. Nela ele dizia, “Senhor, eu sou Pinhais… Cuide das minhas crianças renovando as esperanças a cada dia que passar são pequeninas indefesas serão frágeis com certeza sem teu anjo a cuidar.”
Valdir não escondeu a emoção do início ao final da conversa. Sempre que podia confirmava. Do jeito dele expressava suas emoções. Segundo a irmã, pela luta que teve a vida toda por reconhecimento do seu trabalho, cada vez que vai dar uma entrevista se anima e fica muito ansioso. Na hora de ir embora me despedi de seu Valdir e ele com um sorriso no rosto beijou a minha mão. Ali mesmo sem dizer nada eu sabia que ele estava feliz.
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